segunda-feira, 29 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa...
É pau, é pedra, é o fim do caminho.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Pra qd For o meu Aniversário...
sábado, 30 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Já te falei que eu gosto de Romero Britto? oO'
sábado, 16 de outubro de 2010
Filtro Solar - Mary Schmich
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Trilha Sonora
Vai me dizer que você não tem uma música q quando ela começa a tocar você imediatamente lembra de alguém, ou mesmo de um tempo bom de sua vida??
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Ultimo Romântico
Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena
Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
Afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola
Eu encontrei e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor
E só de te ver eu penso em trocar
A minha TV num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir onde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar
Ah vai, me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Pessoas amam e "desamam"
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Let me take you down cause I'm going to...
Let me take you down
Cause I'm going to
Strawberry Fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry Fields forever
Living is easy with eyes closed
Misunderstanding all you see
It's getting hard to be someone
But it all works out
It doesn't matter much to me
Let me take you down
Cause I'm going to
Strawberry Fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry Fields forever
No one I think is in my tree
I mean it must be high or low
That is you can't you know tune in
But it's all right
That is I think it's not too bad
Let me take you down
Cause I'm going to
Strawberry Fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry Fields forever
Always, no, sometimes, think it's me
But you know I know when it's a dream
I think, er, no I mean, er, yes
But it's all so wrong
That is I think I disagree
Let me take you down
Cause I'm going to
Não sei mais como dizer, como viver, como fazer...
terça-feira, 13 de abril de 2010
Pedido de demissão da vida adulta
:: Conceição Trucom ::
Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.
Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança.
Quero acreditar que o mundo é justo, e que todas as pessoas são honestas e boas.
Quero acreditar que tudo é possível.
Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo.
Quero de volta uma vida simples e sem complicações.
Estou cansada de dias cheios de papéis inúteis, computador, notícias deprimentes, contas, fofocas, doenças, e a necessidade de atribuir um valor monetário a tudo que existe.
Não quero mais ter que inventar jeitos para ganhar dinheiro para pagar por coisas que verdadeiramente não necessito.
Não quero mais dizer adeus a pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida. Elas ficam, a partir de agora, eternamente vivas no meu mundo da imaginação.
Quero deitar a cabeça em meu travesseiro todas as noites, chamar ao Deus Todo-Poderoso de "Papai do Céu" e apagar cinco segundos depois.
Quero ter a certeza de que Ele está mesmo no céu, e que durante o sono nos encontramos e conversamos um monte.
Quero ir tomar café da manhã na padaria da esquina, e achar bem melhor do que um restaurante cinco estrelas.
Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva. A mesma chuva que me molhou inteira porque continuei brincando na rua.
Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero andar me equilibrando nos paralelepípedos como se fosse a grande equilibrista do circo.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque posso comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.
Quero levar duas horas comendo o meu Galack, torcendo para que ele nunca acabe.
Quero ficar feliz quando amadurece a primeira manga, ou quando tenho que colher todas as goiabas para fazer doce na panela de barro.
Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos.
Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.
Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de cartas, dominó ou fazer túneis na areia da praia ...
Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, dos números de 1 a 10, das cantigas de roda, recitar a "Batatinha quando nasce" e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia...
Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar e aborrecer.
Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia. E o que é mais: quero estar convencida de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro!
Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do supermercado, as receitas do médico, o talão de cheques, os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação, o pacotão de contas a pagar, a declaração de renda, a declaração de bens, as senhas do meu computador e das contas no banco, e resolvam as coisas do jeito que quiserem. A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.
Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar, porque...
PIQUE! O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ! e, para sair do pegador, só tem um jeito: demita-se você também dessa sua vida chata de adulto, e venha brincar comigo. Vamos andar na chuva sem medo do resfriado.
NÃO TENDO MEDO DE SER FELIZ!
Aqui estão alguns dos nossos mais profundos, sinceros e ocultos desejos.
A simplicidade do universo de uma criança faz muita falta em nossos dias, em nossos corações.
A ambição e o egoísmo acabam sempre se tornando maiores. Nesse estado, julgamos, criticamos e atacamos. Sofremos.
Na pureza de uma criança somos como O SOL que irradia luz e alegria para todos, indiscriminadamente.
Por isso, de vez em quando, demita-se!
Ou melhor, viva como se estivesse eternamente demitido de tanta complicação. Comece agora a estudar a possibilidade de enxugar a enorme quantidade de gordura que existe nas exigências da sua vida. Celular? Cartões? Empregada? Faxineira? Seguros? Carros?
Afaste-se das complicações criadas pelo mundo dos adultos. Dos sentimentos mesquinhos e pequenos deste mundo.
E fique mais próximo do único sentimento que realmente vale a pena: a PAZ e vontade de desfrutar a vida, ou seja, brincar.
E viva mais feliz!
terça-feira, 23 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
A vida é linda, tudo é lindooo! (Por isso uma forçaaa... kkk')
Pois é... Eu estou adoraando trabalhar no Yázigi! Trabalhar no ISCM, ir pra UECE, ir pra UFC na cultura britânica...
Isso tudo está me fazendo muito bem!!
E não tem pq pensar em outras coisas...
A não ser no futuro, e o q me espera nele!
Vai dar tudo certo!
Eu sei!
Deus tem um propósito nisto!
Estou aprendendo a ser diferente! me preocupar mais comigo e não morrer pelos outros
E tem me mostrado na prática o outro lado da história! (rs...)
Nada de down!
Up!
Up!
Up!
forever...
Strawberry fields forever...
sábado, 27 de fevereiro de 2010
What's going on?
Com nossas bobagens, ganancias, vãos desejos...
Será se realmente não é importante que façamos a vontade de Deus?
Você ainda acha que é exagero servir a Jesus?
E depois que você compra, compra, e compra... O que acontece?
Você realmente continua feliz?
Será se existe alegria vinda deste mundo?
Podemos ficar alegre momentaneamente! Alegria que não acaba, só com Jesus!
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Mais uma sobre Alice in Wonderland...
Onde ela pudesse sonhar e acontecer...
Ele teria figuras, não seria chato.
Não a faria dormir!
Wonderland!
A pouco não se ouvia tanto falar de Alice, mas a mídia mais uma vez a coloca em grande fama.
Por que eu gosto da Alice?
Por sua inocente vontade de ir além! Pela sua curiosidade, que a fez ir a um mundo desconhecido, mesmo depois se arrependendo. Com quem será que ela parece?
...
...
...
...
É... Modinhas à parte, Ela me faz viajar para um sonho não tão longe de ser realizado. Ela me faz achar também que ainda existem pessoas simples, que sonham com algo que o dinheiro não pode comprar.
Pessoas que gostam de ser FELIZES mesmo quando não dá pra ser. Mesmo quando as circunstancias vividas tentam te jogar pra outro lado.
Alice, comgumelos, coelhos atrasados, gatos loucos...
Eu sou louca, você é louc@.
Se não, não teria vindo pra cá!
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
"Na minha opinião, o melhor que pode fazer é encontrar uma pessoa que a ame exatamente do jeito que você é; bem humorada, mal humorada, feia, bonita, atraente, seja o que for... A pessoa certa vai achar que o sol irradia dos seus olhos. Com essa pessoa vale a pena você ficar."
Anyone Else But You | Outra Pessoa a Não Ser Você |
You're a part time lover and a full time friend | Você é amante em parte do tempo e amigo em tempo integral. |
The monkey on your back is the latest trend | O peso nas suas costas é a última moda. |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
I kiss you on the brain in the shadow of a train | Eu beijo sua cabeça na sombra de um trem |
I kiss you all starry eyed, my body's swinging from side to side | Eu te beijo com o olhar brilhante, meu corpo está balançando de um lado para o outro. |
I don't see what anyone can see, in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
Here is the church and here is the steeple | Aqui está à igreja e aqui está o campanário. |
We sure are cute for two ugly people | Nós somos bem "fofos" para duas pessoas feias. |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
The pebbles forgive me, the trees forgive me | As pedras me perdoam, as árvores me perdoam |
So why can't you forgive me? | Então porque você não pode me perdoar? |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
I will find my nitch in your car | Eu vou achar meu ?negócio? no seu carro |
With my mp3 dvd rumple-packed guitar | Com meu MP3 DVD acoplados no violão |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
Du du du du du du dudu | Du du du du du du dudu |
Du du du du du du dudu | Du du du du du du dudu |
Du du du du du du dudu du | Du du du du du du dudu du |
Up up down down left right left right b a start | Cima cima baixo baixo esquerda direita esquerda direita B, A start |
Just because we use cheats doesn't mean we're not smart | Só porque nós usamos códigos não quer dizer que não somos espertos |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
You are always trying to keep it real | Você sempre está tentando tornar real |
I'm in love with how you feel | Eu estou apaixonado pela maneira como você se sente |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
We both have shiny happy fits of rage | Nós dois temos felizes e brilhantes crises de raiva |
You want more fans, i want more stage | Você quer mais fãs, eu quero mais palco |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
Don Quixote was a steel driving man | Dom Quixote era um condutor durão |
My name is Adam I'm your biggest fan | Meu nome é Adam e eu sou seu maior fã |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
Squinched up your face and did a dance | Levanto sua cabeça e faço uma dança |
You shook a little turd out of the bottom of your pants | Você tira uma sujeira da parte de baixo da sua calça |
I don't see what anyone can see in anyone else | Eu não vejo o que os outros conseguem ver em outra pessoa |
But you | A não ser em você. |
Du du du du du du dudu | Du du du du du du dudu |
Du du du du du du dudu | Du du du du du du dudu |
Du du du du du du dudu du | Du du du du du du dudu du. |
But you | A não ser você. |
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Sobre o fácil e o difícil!
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente eléctrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las.
Ter a noção exacta de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefónica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho. Eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
Carlos Drummond de Andrade
É da tua mão que preciso agora...
nunca perdi o hábito de enxugar o nariz à manga
engoli-me a mim mesmo e vim-me embora. Sempre que me sento no teu carro lembro-me de ti. Também me lembro quando não me sento no carro mas sempre que me sento no carro lembro-me de ti. De ti e de Malanje onde começaste a ser, e as mangueiras tremem-me no interior do sangue.
Mas é da tua mão que eu preciso agora. Há momentos em que me farto de ser homem: tudo tão pesado, tão estranho, tão difícil. Eu vou tendo paciência e no entanto, às vezes as coisas magoam, há ideias que entram na gente como espinhos. Não se podem tirar com uma pinça: ficam lá. É então que a cara principia a estragar-se e a gente
dizem
envelhece. Necessito de muito pouca coisa hoje em dia: uns livros, o meu trabalho de escrever, amigos que se estreitam com o tempo, alguns deixados para trás, não sei onde. A minha avó dizia que fui a pessoa por quem chorava mais. Nunca acreditei. Era autoritária, mimada, sedutora: tratava-me tão bem! Jogávamos a ver qual de nós dois conquistava o outro: andávamos mais ou menos empatados
(sabes como detesto perder)
e nisto ela morreu. Recordo-me de sair de sua casa e vir à cervejaria comer. Ainda não tinha tempo de sentir-lhe a ausência. Pedi o jornal desportivo ao empregado. Ao voltar para cima achei-a vestida sobre a cama.
Agora é novembro, tenho frio, ando às voltas com um romance de que não estou a gostar. Nunca estou a gostar do que escrevo, acho aquele em que trabalho o mais difícil, acho que as palavras me derrotam. Frases puxadas como pedras de um poço que não vejo. Banalidades que me indignam por estarem tão longe do que quero. Capítulos que me fogem, o plano da história dinamitado pelos caprichos da minha mão, que não faz o que pretendo: escapa-se sempre, inventa, tenho de apanhá-la a meio de um período inverosímil. Talvez seja por isso que preciso da tua. Ou não por isso: não bebo e no entanto há alturas em que me sinto tão só que é quase o mesmo. E sem essa solidão não me é possível escrever. O meu amigo a quem morreu a filha chama-se José Francisco. Quando sorri os cantos da boca parecem levantar voo. Faz-me bem. Gostava de sorrir assim. Experimentei ao espelho e não é igual. Quer dizer, a boca curvou-se mas os olhos ficaram fixos, duros. Deixei de sorrir e enchi a cara de espuma da barba, até ser apenas nariz e olhos. Então sorri outra vez e os olhos acharam graça e mudaram. Os meus olhos sérios olhavam para os meus olhos divertidos. Pisquei o esquerdo e o espelho piscou o direito. Lavei a cara, apaguei a luz, saí. Por um segundo veio-me a sensação de caminhar em Malanje. Aquele cheiro da terra, demorado, opaco, violento. E pronto, é tarde. Em chegando ao fim da página acabou-se. Ponho a tampa na caneta, os cotovelos na mesa e fico a observar a parede. Nem vou reler isto, mando tal e qual. Prefiro observar a parede, deixar-me impregnar devagarinho pela essência das coisas. Esta cadeira, aquele móvel, uma manchinha de cinza no chão, as minhas mãos geladas de frio a acabarem esta crónica. Se calhar amanhã telefono-te. Ou regresso ao romance na teimosia dos cães. Penso: nem que deixe a pele nele hei-de conseguir acabá-lo. Comecei-o no princípio de outubro, falta muito. Alinho os papéis, ponho tudo em ordem para a escrita. Nem que deixe a pele nele hei-de conseguir acabá-lo. Leio a última frase, continuo. Só por um bocadinho de nada, antes que continue, importas-te de tirar as batas do carro? Importas-te de me dar a mão?
[António Lobo Antunes], in “Segundo Livro de Crónicas”